Parto da Josi // A chegada do Thomas

1134
4min de leitura

Nove de setembro. A equipe se concentrava em um quieto grupo do WhatsApp. Às sete e cinquenta e três chegou a primeira mensagem. A bolsa havia rompido há cerca de 2 horas, Thomas já dava os primeiros sinais de sua chegada.

Conferi o equipamento, que já estava separado e repassei o checklist de saída. Fiquei de sobreaviso, aguardando o próximo contato.

Às dezoito horas, a doula entrou em contato. Era hora de entrar em ação. Josi estava com cinco centímetros de dilatação e chamava por mim.

Dei um cheiro em minha bebê - que na época estava completando 17 meses, me despedi do marido e fui. Era um dia de comemorações para nós também.

Antes das dezenove eu estava lá, em frente à casa da Josi e do Marcelo - que logo seria também a casa do pequeno Thomas.

Quando entrei no quarto, a minha vontade era ficar juntinho, fazer um cafuné, buscar um suco, dizer que ia dar tudo certo e que só de chegar pertinho daquela energia boa, eu já sentia um arrepio na espinha.

Mas, a hora era outra. Era o momento de me camuflar no ambiente. Registrar uma história sem dirigir, sem alterar seu curso. Minha função era desaparecer, tornar-me invisível. Apenas documentar a beleza do nascimento sob o meu olhar.

Olhei para ela e ela sorriu. Sorri de volta, dei um beijo em sua testa e desapareci por trás das lentes.

Os avós maternos estavam na casa em uma visita não planejada. A vovó do Thomas levou um susto, quando soube que o neto nasceria em casa.

O vovô parecia tranquilo, mas vez ou outra arrumava o que fazer do lado de fora da casa só para passar pela janela do quarto onde a filhota estava.

Esse era um parto de primeiras vezes. Era o meu primeiro parto. O primeiro da Josi e do Thomas. E algumas outras primeiras vezes muito especiais, mas que não me pertencem para contar.

Dizia a Marilda (doula) na época que era seu último, um fechamento de ciclo. Eu lembro que torci para que não fosse (e continuo torcendo!). Lorena falava o mesmo. Procurava uma parceira para assumir. Mas, essa vida é difícil de largar. :)

As contrações duravam cerca de trinta ou quarenta segundos. Eram intensas e visivelmente dolorosas. Entre elas, um alívio: outros quarenta segundos sem dor. Uma pausa para fechar os olhos, conversar, relaxar um pouco ou beber um suquinho. A Josi ria, fazia piadas e até enviou algumas mensagens pelo celular. Me lembro dela descrevendo o que sentia como se fosse hoje (lembra disso, Josi?). Arrancou da equipe uma gargalhada uníssona!

Lembro - também como se fosse hoje, do Marcelo (pai) entrando no quarto entre as contrações e balançando a cabeça para cima e para baixo sinalizando para ele mesmo que estava tudo bem. A Josi dizia: "está vindo mais uma", ele se aproximava e enquanto fornecia apoio e suporte olhava para nós em busca de alguma resposta. 

Na primeira vocalização, entre a transição da bola para a banqueta, ele pulou. Encarou a doula por alguns segundos e disse: "eu preciso ir lá fora pedir uma pizza". 

Voltou alguns minutos depois, sentou-se atrás dela e disse: "estou aqui com você".

Estávamos no período expulsivo. Todos nós. Com ela. Quando me dei conta, percebi que estava controlando a respiração, relaxando os quadris e fazendo força. Que bom que só eu notei. Hehe  ;)

A estreia do Thomas estava cada vez mais perto e eu estava preparada para registrar com atenção, técnica e emoção cada anúncio da sua chegada. O espaço era pouco, a luz era mínima, mas eu seguia atenta para capturar aqueles momentos tão importantes.

Thomas queria logo conhecer seus pais. Coroou e nasceu em seguida. De uma vez só. Sem espiar o mundo antes de fazer parte dele.

Josi dizia que sua cabeça parecia pronta para explodir. Recebeu massagens ao mesmo tempo em que recebeu seu bebê. 

Marcelo clampeou o cordão tardiamente, como desejavam. E Thomas foi examinado nos braços da mãe, sentindo seu cheiro e calor, como deveria ser.

O pequeno não gostou nadinha de passar pelo APGAR e gritou bem forte por seus pais, que logo o acolheram.

No quarto, calmaria. Thomas observava atentamente o rosto de sua mãe. Vou pra sempre lembrar desse olhar profundo de reconhecimento e parceria: "mãe, nós conseguimos!".

Família querida, gratidão por esse momento único. Participar dessa etapa da vida de vocês gerou um vínculo maravilhoso entre nós. E esse laço nunca mais se desfez! Nesse dia, Thomas ganhou uma mamãe e eu, uma amiga especial.

Beijo grande para todos!

Amanda Franco.

EQUIPE:

Mãe: Josi Martioli

Pai: Marcelo Marques

Fotógrafa: Amanda Franco

Videomaker: Lorena Lopes

Doula: Marilda Castro

Enfermeira Obstetra: Taiza Nóbrega

Médica Obstetra: Caren Cupertino

Medico Pediatra: Antonio Pires

Acupunturista: Priscilla Motta

14 Nov 2017

Parto da Josi // A chegada do Thomas

Comentar
Facebook
WhatsApp
LinkedIn
Twitter
Copiar URL

Tags

Antônio Pires Caren Cupertino fotografia de parto Marilda castro parto domiciliar Taiza Nóbrega

Quem viu também curtiu

29 de Mar de 2018

Quanto custa?

08 de Jan de 2018

A importância da fotografia de parto para a mulher - Parte 1

14 de Nov de 2017

Parto da Marcela // A Chegada do Tiago